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sábado, 21 de maio de 2016

Emigração maciça dos anos 60



Na década de 60, Portugal assistiu a um crescimento económico que se traduziu num aumento significativo do investimento e numa certa abertura à economia externa. O turismo evoluiu positivamente e as remessas dos emigrantes contribuíram, em grande medida, para equilibrar a balança comercial.

Contudo, persistiam inegáveis dificuldades económicas resultantes, essencialmente, do acréscimo das despesas públicas. A Guerra Colonial era um sorvedouro dos dinheiros do Estado e um das principais razões para uma problemática quebra da mão-de-obra agravada pela forte vaga de emigração, provocando o aumento salarial.

A crise petrolífera de 1973 debilitou ainda mais a frágil economia nacional na década seguinte. Tudo isto significou que o crescimento económico desencadeado nos anos 50 não fora suficiente. Portugal afastou-se ainda mais dos países europeus que lhe estavam mais próximos, as assimetrias regionais agravaram-se e a agricultura não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento de outros sectores económicos.

A emigração não é um fenómeno exclusivo deste período, mas nesta década os valores atingidos em Portugal foram bastante alarmantes, pois causaram a desertificação das regiões mais carenciadas do país, onde os números da emigração atingiram valores mais elevados.

Os factores determinantes para esta emigração massiva foram: a crise do sector agrícola, a total incapacidade dos outros sectores económicos absorverem a população rural que abandonava os campos, a falta de mão-de-obra em muitos países da Europa e a fuga à Guerra Colonial e à repressão política. A agricultura continuava a ser um sector tecnicamente atrasado, que sofria os efeitos de uma deficiente distribuição da propriedade e do êxodo da população rural para os centros urbanos, mas que não foi absorvida pelos outros sectores económicos. Esta população, oriunda do campo, foi compelida a procurar novas oportunidades no exterior. Alguns países da Europa, como a França, que no pós-guerra conheceram uma fase de prosperidade económica, atraíram milhares de Portugueses, que aí procuraram vantajosas condições salariais e uma melhoria da qualidade de vida. Outro ponto fundamental da análise deste fenómeno é a situação política do país. Muitos cidadãos procuravam fugir não à miséria, mas à terrível guerra colonial e à forte repressão política desencadeada pelo regime contra os seus incómodos opositores.

Este surto de emigração teve reflexos imediatos na economia portuguesa. Conduziu à redução e ao envelhecimento da população, sobretudo nas regiões do interior, provocou uma diminuição da mão-de-obra e operou uma mudança cultural e material no país com as remessas dos emigrantes. Nos países de acolhimento os emigrantes tinham um nível de vida mais elevado, apesar da emigração, em especial a clandestina, se ter efectuado em condições extremamente difíceis.

Campo de investigação ainda em grande medida por concretizar, a emigração portuguesa (juntamente com a espanhola, cronologicamente coincidente e com motivações algo idênticas), marcou (e marca) fortemente a feição da sociedade portuguesa. O seu peso e as suas implicações, a todos os níveis, são até hoje questões essenciais da vida nacional e remontam todos os programas governativos.

Os principais destinos foram a França e a Alemanha, onde o esforço de reconstrução face à destruição gerada pela Segunda Guerra Mundial se mantinha, a Suíça, a Bélgica e a América Anglo-Saxónica, e em menor escala a Austrália. A Venezuela, o Brasil e a África do Sul foram também países de acolhimento dos emigrantes portugueses. Apesar da Guerra Colonial, muitos foram os que debandaram também para Angola e Moçambique.


Como referenciar este artigo:
Emigração maciça dos anos 60. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consultado em  2010-02-25].
Disponível http://www.infopedia.pt/$emigracao-macica-dos-anos-60,3

Sociedade Democrática em Portugal (alterações sociais)



A cronologia da evolução social difere da política, e para se perceberem as continuidades e transformações da sociedade democrática é necessário recuar até à década de 60, a partir da qual se verificaram importantes mudanças, algumas das quais se contam entre os factores que deram origem à revolução; é o caso da emigração, por exemplo. A sua evolução foi multifacetada, registando, por vezes, acelerações bruscas.

A emigração acompanha a História portuguesa como um factor estrutural. À grande emigração dos anos 60, sobretudo em direcção a França, seguiu-se um abrandamento. Nos anos 80 os portugueses migraram muito menos e os destinos alteram-se: emigram em direcção aos EUA, Venezuela, Canadá e Austrália.
Contudo, o movimento mais espectacular, após o 25 de Abril, foi o do regresso dos portugueses das ex-colónias africanas - é este aspecto que caracteriza a imigração dos meados da década de 70, entrando em Portugal mais de meio milhão de pessoas.

A zona do litoral - Lisboa e Vale do Tejo - recebeu quase metade dos retornados, mas alguns distritos do centro e interior, como Viseu, Vila Real e Guarda, acolheriam também muitos dos portugueses das ex-colónias.

Este fenómeno gerou algum mal-estar social, mas, globalmente, saldou-se como integração pacífica. Esta integração ficou a dever-se, por um lado, ao facto da maioria dos retornados ter ido recentemente para as colónias (anos 60), e, por outro, a sociedade portuguesa estar ainda muito ligada à agricultura, bem como às práticas que se lhe associam, nomeadamente a solidariedade familiar. Importante também foi o facto da maioria destas pessoas serem jovens, em idade activa e escolarizadas. Desta forma, os retornados contribuíram para o crescimento e o rejuvenescimento da população em geral, da qualificação média da população activa, das iniciativas empresariais (sobretudo médias e pequenas empresas) e para a difusão de novos valores.

Um outro movimento a destacar é o regresso contínuo de emigrantes da Europa, mas este fenómeno, com início mesmo antes de 74 e que a partir de 80 atinge valores mais significativos, teve muito menos impacte, quer pelo número de pessoas que regressam, quer pelo facto de ser gradual.

Da mesma ordem de importância foram os fluxos de africanos, migrações sazonais, e os de fixação definitiva. Trata-se de um movimento que se iniciou nos anos 60, ganhando mais intensidade nos anos 80. Portugal tornou-se, assim, recentemente, um país receptor de imigrantes, não só de africanos dos PALOP, mas também (desde 80) do Zaire, Senegal, Brasil, Índia e China. É a emigração clássica de força de trabalho não qualificado.
Nos trinta anos que se situam entre 1971 e 1991, regista-se um aumento da população portuguesa (a residir em Portugal) de cerca de 1 milhão de pessoas, para depois, entre 1981 e 1991, se verificar uma estabilização da população, em torno dos 10 milhões.

Portugal apresentou, na década de 70, uma taxa de crescimento médio anual da ordem dos 1,30%. Este forte crescimento ficou a dever-se, em grande medida, ao regresso de portugueses das colónias, e, em menor escala, ao regresso de nacionais da Europa. A década seguinte caracterizou-se, sobretudo, por uma situação de estagnação, que espelha o real envelhecimento da população.

A evolução registada entre 60-91 revela, pois, um progressivo envelhecimento da população no topo e na base da pirâmide etária. Entre 1970 e 1991, verifica-se uma diminuição do grupo etário situado entre os 0 e os 15 anos, um aumento do grupo etário entre os 15 e os 64, bem como um aumento do número de pessoas com mais de 65 anos. Isto é, verificou-se um duplo envelhecimento, que traduz a quebra da natalidade e da fecundidade, e também o aumento da esperança de vida (entre 74 e 91, verificou-se um aumento da esperança de vida de cerca de 3 anos para ambos os sexos).


É de referir, ainda, a extraordinária evolução da taxa de mortalidade infantil que, em 1974, era da ordem dos 58% e que passou para os 10% em 1991. As taxas brutas de nupcialidade desceram (9% em 1971 para 7,3% em 1991), tendo-se verificado um aumento das taxas de divórcio e de separação (0,12% em 1974 para 1,03% em 1991), como também um aumento da taxa de nascimentos fora do casamento.
Contudo, é necessário considerar que as taxas aqui apresentadas têm variações regionais que se relacionam com os fenómenos de urbanização e litoralização da população.

No que respeita à evolução dos níveis de escolaridade, refira-se que em 1960 a maioria da população portuguesa não havia ultrapassado o nível básico de escolaridade (nem sequer 5% da população atingia o ensino secundário e apenas 1% o ensino médio ou superior), andando a taxa de analfabetismo pelos 30%. Contudo, a partir dos anos 60, assiste-se à duplicação das percentagens de indivíduos que vão, sucessivamente, atingindo os vários graus de ensino, sobretudo no que diz respeito ao ensino médio e superior. Este fenómeno está na origem de um processo complexo de recomposição social.

Novas lógica sociais encontram expressão na procura e frequência de novos cursos profissionais e especializações que o sistema actual de ensino passou a proporcionar. O nível de ensino da população em geral e o aumento de mulheres no ensino superior cresceu de forma acelerada, embora a taxa de analfabetismo seja ainda elevada, comparativamente aos países da União Europeia. Contudo, o sistema de ensino tem alguns problemas graves, como, por exemplo, certa ineficácia do ensino experimental e a alta taxa de abandonos. A procura de instrução e formação é actualmente considerada normal, mas é um fenómeno relativamente recente.

As transformações que referimos envolveram processos complexos de recomposição social e socioprofissional. A taxa de actividade global subiu no últimos dez anos, mas um dos aspectos que mais transformaram e continuaram a transformar a sociedade portuguesa é a crescente participação da mulher na actividade profissional, que alterou o seu estatuto, a par da alteração das relações conjugais e da quebra da natalidade. O crescimento da taxa de actividade feminina em Portugal duplicou nos últimos 20 anos, sendo maior do que nos outros países europeus (a taxa média de mulheres na população activa, em 1990 e em Portugal, era da ordem dos 64%, e na Comunidade pouco ultrapassava os 60%). É a procura de realização profissional e independência pessoal por parte das mulheres.

Este processo gera um movimento de recomposição socioprofissional onde a mulher tem cada vez mais um papel importante, e só ao nível dos dirigentes e operários é que ainda permanece um desequilíbrio a favor dos homens. Contudo, à mulher cabe ainda a maioria do trabalho doméstico.

Acompanhando as alterações, ou melhor, a redistribuição nos diferentes sectores da actividade económica, vai-se operando uma reestruturação das exigências de qualificação, das características e pesos relativos entre as diversas actividades profissionais.

A litoralização e a urbanização são processos que em Portugal já se começaram a desenvolver há algum tempo, e que na época contemporânea passam por um reforço e intensificação. Dos anos 60 em diante acentuam-se as assimetrias regionais. O litoral urbaniza-se e industrializa-se, enquanto o interior se desertifica. Em 1991, 80% da população concentrava-se no litoral - entre o Minho e o Algarve (à excepção do Alentejo) - 15% no interior - de Bragança a Beja. Esta dualidade expressa e reproduz desigualdades regionais, que se referem ao envelhecimento populacional, a níveis de escolaridade, qualificação, industrialização e actividades profissionais.

Uma das grandes alterações sociais dos últimos 30 anos é o crescente peso dos profissionais que desenvolvem a sua actividade no sector terciário. A agricultura, tradicionalmente o sector mais produtivo e que empregava a maioria da população, subalternizou-se em relação à indústria e serviços. A indústria reorganiza-se, mas não mostra grande capacidade para oferecer mais emprego, ao passo que o sector terciário absorve actualmente mais de metade da população activa portuguesa.

Assim, verifica-se uma diminuição do peso de profissionais dedicados à agricultura e à pesca, e um aumento, sobretudo a partir dos anos 80, quer dos directores e cargos dirigentes, quer dos profissionais da ciência e técnica. Este crescimento foi muito acelerado nos últimos decénios, e refira-se que o grupo dos profissionais da ciência e da técnica constitui o grupo com maior capacidade de protagonismo social.

A mobilidade social, isto é, o conjunto de alterações das possibilidades dos indivíduos e famílias, tomando como ponto de referência a classe social de origem, é um dos aspectos positivos da evolução da sociedade portuguesa. A evidência de trajectos de mobilidade social ascendente (23% dos empresários dirigentes são oriundos da classe operária) não pode, contudo, fazer-nos esquecer outras evidências, como a persistência da pobreza e o aumento do número de excluídos.

A sociedade portuguesa está a passar por transformações, por um lado, aceleradas e, por outro, complexas, mas que se inserem em dinâmicas que ultrapassam as fronteiras nacionais.


Sociedade Democrática em Portugal. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2010. [Consultado em  2010-02-25].
Disponível - http://www.infopedia.pt/$sociedade-democratica-em-portugal,4

Bauhaus Movement





© Hossein Albert Cortez, Masterminds of Bauhaus Movement – From left to right: Josef Albers, Hinnerk Scheper, Georg Muche, László Moholy-Nagy, Herbert Bayer, Joost Schmidt, Walter Gropius, Marcel Breuer, Wassily Kandinsky, Paul Klee, Lyonel Feininger, Gunta Stölzl, Oskar Schlemmer. December – 1926.


Imagem retirada de Bauhaus Movement - Aqui


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Ponte 25 de Abril - As primeiras imagens (raras)



Ponte 25 de Abril comemora 50 anos no dia 6 de Agosto 








Lisboa e Almada ficaram mais próximas em agosto de 1966, quando a agora chamada Ponte 25 de Abril nasceu no alto dos seus 70 metros acima do rio Tejo. Ver mais imagens raras dos tempos da construção AQUI:


http://observador.pt/2016/05/09/lisboa-as-primeiras-imagens-raras-da-ponte-25-abril/

terça-feira, 12 de março de 2013

"Retratos" - Documentário de Luísa Homem

"Retratos" é um documentário encomendado à jovem realizadora Luísa Homem, pela Fundação Calouste Gulbenkian no âmbito do Fórum Gulbenkian Imigração. O documentário apresenta-se como um conjunto de breves depoimentos de imigrantes residentes em Portugal, cujas aspirações, frustrações e perspectivas são as mais variadas. Portugal e os portugueses vistos pelos imigrantes.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Culto dos Mortos




31 de Outubro - Festa de Samhain (ano novo Celta), noite do fogo novo e da inspiração
1 de Novembro - Dia de Todos os Santos
2 de Novembro - Dia de finados * Comemoração de Todos os fiéis defuntos

práticas e costumes aqui

domingo, 6 de fevereiro de 2011

CRÓNICA

Derivado do lat. Chronica e do gr. Khrónos, consagra o conceito de tempo, informando com ele o discurso dos textos que designa.

Inicialmente, a crónica, mais geral ou mais particular, registava acontecimentos históricos por ordem cronológica. Fonte mais directa e imediata do conhecimento histórico, comportava também factos menos relevantes, informação secundária que a História moderna tenderá a elidir. Na alta Idade Média, a crónica começa a ser conformada por uma perspectiva individual que lhe confere uma dimensão interpretativa e, eventualmente, estética, como acontece com as obras de Fernão Lopes. (séc. XIV).

No séc. XIX, o desenvolvimento da imprensa periódica, e, em especial, da de opinião, vai fazer emergir a crónica no sentido moderno. No início, ela era apenas uma pequena secção de abertura que dava conta das notícias e dos rumores do dia, mas tenderá a alargar-se e a especializar-se pelo interior do periódico (crónica artística, literária, musical, etc.). Depois, ela desloca-se para o “folhetim”, secção do rodapé da primeira página do periódico, lugar de que se libertará mas onde conquistará a colaboração de homens de letras e, com isso, um espaço entre Jornalismo e Literatura. A sua identidade apoiar-se-á cada vez mais na autoria: a realidade social, política, cultural, etc. tornar-se-á progressivamente o quadro onde o cronista procura e selecciona qualquer facto quase como pretexto para discursar, opinar e, até mesmo, efabular. Deste modo, a crónica esteticiza-se. A crónica contemporânea, discurso de autor, oscila entre ser predominantemente comentativa, reflexiva, e efabulatória (p. ex., no espaço brasileiro, ela assume a feição do conto breve). Assim, apesar da actualidade e transitoriedade da sua temática, tem uma autonomia que favorece a prática da sua recolha e publicação em volume.

Bibliografia

BELLANGER, C., GODECHOT, J., GUIRAL, P., TERROU, F. e outros . Histoire Générale de la Presse Française (5 volumes), Paris, Presses Universitaires de France, 1969-1976; BURGELIN, Olivier . La Communication de Masse (volume VI da Enciclopédia “Le Point de la Question”), Paris, S.G.P.P., 1970; RITA, Annabela . Da “Chronica” do Distrito de Évora às Farpas : a conformação da crónica queirosiana (dissertação de doutoramento policopiada), Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1994; “A crónica”, pp. 27/86; TENGARRINHA, José . História da Imprensa Periódica (2ª edição revista e aumentada), Lisboa, Caminho, 1989; AA.VV. . Ensaios. Crônica, Teatro e Crítica (actas da II Bienal Nestlé de Literatura Brasileira), S. Paulo, Norte Editora, 1986; AA.VV. . Jornalismo e Literatura (actas do II Encontro Afro-Luso-Brasileiro), Lisboa, Veja, 1988.

AQUI

CULTURA


Palavra latina com a mesma raiz de cultus, de que derivam cultivo e culto, do verbo colo, is, ere, ui, ultum (cultivar), aplicado a domínios diversos, em especial aos campos, às letras e à amizade. Cícero fala do cultivo da humanitas, isto é: daquilo que torna humana a pessoa, a faz sentir-se vinculada a outras pessoas, designadamente através de condições de educação e segundo ideais formativos a que os Gregos chamavam globalmente paideia. A cultura animi ou cultura do espírito, que os latinos pressupunham como base da humanitas, pode definir-se como acção das pessoas sobre si próprias, enquanto indivíduos e sociedade, no sentido da realização plena das suas capacidades e potencialidades humanas. Mas a cultura, num plano mais vasto, associa a tal sentido também a acção susceptível de preservar ou melhorar o ambiente e o património, assim com os modos, práticas e tradições a que se atribui valor por testemunharem e contribuirem para a dignificação da vida. Neste plano mais geral, contudo, o termo ‘cultura’ expande-se sobretudo a partir de meados do século XVIII; e o termo ‘civilização’, para muitos identificável com o termo ‘cultura’, tem divulgação acentuada aproximadamente desde a mesma época, embora termos conexos como civilità já antes ocorram ocasionalmente (cf. Dante, Il convivio). Civilização (acção de tornar civil), todavia, designa, antes de mais, esforços organizados ou programados para melhorar o bem‑estar e a qualidade de vida, especialmente na cidade e no domínio do ter, da riqueza, do conforto, da eficácia dos equipamentos colectivos, das condições materiais de convívio.

A palavra ‘cultura’ tem o seu âmbito de aplicação mais específica no domínio do ser, das realizações não meramente materiais, da criatividade do espírito, implicando muitas vezes o não absolutamente programável ou previsível. Civilização é algo que surge intimamente ligado, portanto, às condições de cultura (inclusive a escola e a escolaridade), enquanto cultura subentende mais a realização de aptidões, talentos e a manifestação daquilo que habitualmente se designa por génio. Entre as metas da cultura contam-se o gosto pelas artes e ciências, o refinamento de maneiras e do saber, mas sobretudo a sabedoria, com inerente capacidade de digerir ou elaborar símbolos, ideias e pensamentos. Os sentidos etnológico e etnográfico dos termos ‘cultura’ e ‘civilização’, quer identificados quer demarcados segundo a distinção atrás sugerida, enraizam-se igualmente a partir da época setecentista, a par do crescente interesse pelo modo de vida ou pelos costumes dos povos. A definição de vários autores, entre os quais T. S. Eliot (cf. Notes Towards the Definition of Culture), de cultura precisamente como ‘modo de vida de um povo’, articula-se com a identificação dos termos ‘civilização’ e ‘cultura’, envolvendo uma abrangência etnológica que ocasionalmente parece coexistir com positiva e indiscriminada aceitação de uma grande variedade de componentes características das respectivas tradições (o que, aliás, nem todo o texto de Eliot porventura corrobora). O frequente uso no plural dos termos ‘cultura’ e ‘civilização’ tem acompanhado o desenvolvimento dos estudos etnológicos e etnográficos até aos nossos dias, numa crescente curiosidade e tolerância moderna relativa à variedade distintiva e individualizante do modo de vida e ser de cada povo.

Bibliografia

A. L. Kroeber e Clyde Kluckohn: Culture: A Critical Review of Concepts and Definitions (1963); C. P. Snow: The Two Cultures and a Second Look (1959, várias reimp.); Manuel Antunes: História da Cultura Clássica, vol. fotocopiado de notas das aulas teóricas e práticas, Faculdade de Letras de Lisboa, 1967/68, pp. 33-7; Raymond Williams: Culture (1981, várias reimp.); T. S. Eliot: Notes Towards the Definition of Culture (1948, várias reimp.); Victor Hell: L’idée de culture (1981).

AQUI

REFLEXÕES SOBRE A SAUDADE

Maria Paula Lamas

Resumo

Trata-se de uma reflexão sobre a etimologia da palavra saudade e da sua especificidade relativamente ao povo português.

Palavras-chave: saudade, saudosismo, Teixeira de Pascoaes

Ao reflectirmos sobre a etimologia do vocábulo saudade,[2] verificamos que, desde o início, remete para isolamento e exprime a mágoa da separação. Surge, logo, nas manifestações da arte trovadoresca, como um dos temas retratados. É o que se constata na cantiga de amigo da autoria de D. Dinis, em que a solitária donzela, inserida num cenário campestre, pretende saber notícias do seu namorado:

-Ai flores, ai flores de verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?

A saudade é uma palavra frequentemente «(...) considerada sem par noutras línguas e que exprime misteriosa multiplicidade de sentimentos (...).» (Grande..., 1989) Através da «(...) carta dirigida por D. João da Silva e Meneses a D. Magdalena, vê-se (...) que em 1593 a saudade já passava por ser um vocábulo privativamente português, e denominava um sentimento doce-amargo, também privativamente português.» (VASCONCELÇOS, 1990: 88)

A este respeito, Joaquim de Carvalho questiona-se:

1- será a saudade um sentimento com origem exclusiva no Noroeste da Península Ibérica (Douro e Galiza) ?; 2- será a saudade um sentimento peculiar apenas a todo o povo português?; 3- será a saudade um sentimento passível de ser vivido por todos os homens? (CARVALHO, 1998: 49).

Joaquim de Carvalho, ao ponderar sobre as três hipóteses, conclui que a terceira é a mais plausível, embora reconheça que «(...), por tradição lírica peninsular e circunstancialismos históricos de Portugal como reconquistador de território (fronteiras instáveis) e país marítimo (Descobrimentos), este sentimento tenha ganho entre nós um carácter metafísico não presente na mentalidade de outros povos.» (Ibidem)

Sobre o mesmo assunto, D. Carolina Michaëlis de Vasconcelos também tece considerações, alegando que «[é] inexacta a ideia que outras nações desconheçam esse sentimento» (Vasconcelos, 1990: 45). Acrescenta, ainda, que «[i]lusória é a afirmação (...), que mesmo o vocábulo Saùdade (...) não tenha equivalente em língua alguma do globo terráqueo (...).» (Ibidem).

Quando se fala de saudade, é também imperioso referir Teixeira de Pascoaes, que defende que esta «(...) é só nossa, que é intraduzível, que é da nossa Raça, porque é de origem colectiva, e encontra a sua mais alta expressão no Cancioneiro do Povo (...)» (PAISCOIAIS, 1986: 67).

Este escritor surge inserido no movimento cultural que data de 1910, e que tem como primordiais objectivos a recuperação dos valores originais e o renascimento nacional. A saudade, considerada um misto de nostalgia e esperança, funcionaria como estímulo para a criação de uma outra Pátria, que ressuscitaria do obscurantismo e que restabeleceria a glória no país. Através da saudade, elevada a religião, pretendia-se alcançar o Absoluto, a nebulosidade reveladora de um novo Deus, com vista à reanimação lusitana.

A teoria de Teixeira de Pascoaes é contestada, entre outros, por António Sérgio, que se encontra identificado com a tradição racionalista ocidental, e que condena os saudosistas por conceberem a saudade, como um sentimento exclusivo do povo português. Este pensador chega a acusar o movimento saudosista de «(...) pura esquizofrenia cultural de quem, de tanto glorificar a casa própria, não só recalca de todo a casa alheia, como é igualmente incapaz de lobrigar o mínimo defeito na sua própria casa» (Apud CARVALHO, 1998: 35).

Clara Calafate adopta uma posição mais moderada, ao afirmar relativamente a Teixeira de Pascoaes que «[s]e havia ingenuidade neste por basear a redenção da Pátria num excesso de sonho, não havia menos em António Sérgio, pelo seu excessivo espírito prático» (Apud SÁ, 1992: 271). É também da opinião de que «[b]astaria um pouco de moderação para os aproximar, porque afinal um e outro representavam apenas facetas diferentes duma mesma realidade humana – o espírito e a matéria reclamavam os seus justos direitos» (Ibidem).

Ao comparar a saudade que surge em Teixeira de Pascoaes com a retratada pelos poetas que o antecederam, verifica-se que nestes trata-se de uma emoção espontânea e naquele de uma emoção laborada. Um dos vates a cantar a saudade, eternizando-a, foi Luís de Camões, como se constata no soneto Alma minha gentil, que te partiste, em que o poeta revela uma enlutada mágoa. Não suportando a dor da separação, pretende partir rapidamente para o Céu, como única hipótese de um reencontro com a amada.

A saudade está também presente, desde longa data, na sabedoria popular. Há vários adágios que aludem a este sentimento, como por exemplo, O passado dá saudades, o presente dissabores e o futuro receios, que transmite a insatisfação perante o momento actual. Igualmente é utilizada, com frequência, em expressões familiares, como é o caso do cumprimento Dá saudades..., destinado a uma pessoa que não se encontra presente e por quem se nutre amizade e, ainda, morrer de saudades, que exprime o desgosto provocado pela ausência de alguém ou de algo que nos é querido.

Ao falarmos do património cultural popular, não nos podemos olvidar do fado, tipicamente português, preferencialmente de índole fatalista, recorrendo frequentemente ao tema da saudade, como demonstra esta quadra cantada por Alfredo Marceneiro:

Cabelo branco é saudade
Da mocidade perdida
Às vezes não é da idade
São os desgostos da vida.

Igualmente virados para o passado estão aqueles que, por forçosos motivos, tiveram de abandonar a sua terra em busca de melhor sorte. Portugal, sendo um país de emigrantes, está, desde logo, propenso ao sentimento nostálgico da saudade, a qual remonta aos Descobrimentos, época também propícia a muita dor devido ao afastamento prolongado entre os navegadores e os seus familiares. É, ainda, imperioso destacar a inolvidável guerra colonial, que provocou tanta saudade temporária ou infinita.

Na realidade, a saudade está intimamente ligada ao povo português, embora não seja exclusiva deste. No entanto, trata-se de um assunto mais complexo do que aparenta à partida. Devido a este facto, muitas têm sido as definições e as contradições, múltiplos os contextos e respectivas implicações, sem se conseguir um resultado conclusivo.

IN:http://www.filologia.org.br/revista/35/10.htm

Opúsculos de Leite Vasconcelos


Adágios populares


Antiga Poesia Popular Portuguesa


Lisboa Antiga


Aqui

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Domingos

Cá vai, então, a primeira sugestão para os Domingos de manhã.
(esta até é útil para quem anda a fazer a CLC6 ou CP4)

COMES serão a combinar.

as áfricas e pancho guedes
Terra Esplêndida

domingo, 12 de dezembro de 2010



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mãe Migrante, de Dorothea Lange



Mãe Migrante (Migrant Mother). – Dorothea Lange. – Fotografia feita em Nipomo, Califórnia, entre fevereiro e março de 1936. A imagem de Florence Owens Thompson, uma mulher retirante, e dos seus sete filhos, tornaram-se o símbolo da miséria provocada pela grande depressão de 1929.

A miséria dos catadores de ervilhas, dos trabalhadores do campo, é refletida nos olhos de Florence Owens Thompson, aqui amparando nos ombros dois dos seus sete filhos e um terceiro nos braços. A ambição humana explodira a Bolsa de Nova York em 1929, levando o mundo à miséria e à fome. A mulher fotografada traz no rosto o semblante latente da fome, ainda assim, demonstra uma dignidade pulsante, uma força que a faz sobreviver às hostilidades de um mundo cáustico em seu capitalismo desmedido.

Não é a mulher que posa para a fotografia, e sim a mãe, um ser totalmente desprovido das vaidades femininas, com as mãos maltratadas, feitas para afagar a prole no momento da fome. As rugas na testa e em volta dos olhos iluminam a madona, apagando a Eva que um dia transitou nua pelo paraíso de si mesma, a mulher que sobrevive das aves que os filhos caçam, que mora em uma barraca coberta por lona. Aos trinta e dois anos, Florence Owens Thompson traz as marcas profundas do seu tempo, se a juventude esvai-se com a fome que a assombra, a sua beleza agreste traz toda a profundidade do mundo.

“Mãe Migrante” não nos revela a luz de uma imagem de um país africano, asiático ou do nordeste brasileiro, mas do país mais poderoso e rico do mundo, que na perseguição ambiciosa dos especuladores financeiros, gerou a mais profunda depressão e miséria. A imagem correu os Estados Unidos e o mundo, transformando-se no símbolo da depressão americana. Curiosamente, em 2008 os especuladores financeiros continuam a jogar sobre o mundo a sombra do colapso e da miséria, frutos da ganância de Wall Street.

IN: http://jeocaz.multiply.com/journal?&page_start=180

terça-feira, 8 de junho de 2010

CRONO | Um Roteiro de Arte Urbana em Lisboa | 12 Meses | 4 Estações | 16 Artistas | Maio de 2010 – Junho de 2011.



Na Av. Fontes Pereira de Melo, os consagrados criadores “Os Gémeos” (Brasil), Blu (Itália) e Sam3 (Espanha), realizam em dois edifícios devolutos, intervenções de arte urbana de grande escala, obras integradas na programação artística do projecto CRONO, evento promovido pela ACA- Azáfama Citadina Associação, em parceria com a Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa. Os autores brasileiros foram ainda acompanhados por um conjunto de writers portugueses, entre eles NOMEN, SEN, RISCO, ARM, KREYZ, HIUM, MAR, GLAM, SLAP, Maria Imaginário, SMILE para a criação de um vasto wall of fame, no muro localizado na Rua José Gomes Ferreira, junto às Amoreiras.

“CRONO” é uma iniciativa de natureza artística e social, a decorrer ao longo de 12 meses, em quatro ciclos inspirados na ambiência das estações do ano, com um plano de actividades diversificado que contempla a participação de 16 conceituados autores internacionais a par de um número significativo de prestigiados criadores portugueses, corporizando-se em acções de desenvolvimento relacional entre os cidadãos e a sua cidade, não só na criação de um roteiro único de arte pública, aqui percepcionada sob um renovado conceito, mas também na revitalização artística de «áreas esteticamente deprimidas», nas palavras dos seus mentores, que colocará a capital portuguesa e o País, no mais prestigiado panorama da arte urbana.

Projecto de “curadoria urbana”, este evento pioneiro lança desafios relevantes para o reposicionamento da Arte em relação ao desenvolvimento da Cultura, revelando Lisboa sob novas perspectivas ao inscrever na paisagem urbana, léxicos visuais de grande valor artístico, interpeladores da percepção dos transeuntes, dos habitantes, dos artistas.

A parceria com a ACA, no âmbito desta iniciativa, resulta de uma estratégia de actuação delineada pela Galeria de Arte Urbana, espaço de liberdade criativa dedicado pela Câmara Municipal de Lisboa ao graffiti e à street art enquanto expressões de arte urbana, confirmando-as como reconhecíveis e reconhecidas gramáticas artísticas. A Galeria posiciona-se como um lugar aberto e inclusivo perante o universo de criadores, perante a comunidade envolvente, perante os diferentes públicos a sensibilizar para o reconhecimento da riqueza e da diversidade do património artístico e cultural da cidade.

Mais info: http://cargocollective.com/crono

FONTE

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Mr.Dheo


1985 // Gaia // Portugal

Mr.Dheo esteve sempre ligado à Arte. Aos 3 anos de idade começou a copiar frases de revistas e jornais e a desenhar sozinho. Não existiam lápis nem cadernos, apenas esferográfica e folhas soltas. Da infância à adolescência, a necessidade compulsiva de se exprimir tornou-se hábito. Rejeitando sempre qualquer tipo de envolvência a uma escola ou curso de Artes, desenvolveu as suas próprias técnicas, o que lhe permitiu registar uma evolução sem influências directas. Auto-didacta, Mr.Dheo vê a Arte de uma forma particular, onde não podem nem devem existir regras e limites.

Aos 15 anos teve o primeiro contacto o graffiti. Sem conhecer ninguém ligado a essa área ou sequer que partilhasse o mesmo interesse, começou a fazer esboços explorando as inúmeras formas de escrever um simples nome. Meses mais tarde fez o primeiro trabalho na rua e foi conhecendo outros artistas com os quais se identificava e que o motivavam a continuar.

Hoje, depois de oito anos contínuos no activo, Mr.Dheo foca-se na execução de murais de rua e na decoração interior e exterior de todo o tipo de espaços, assim como nas colaborações com marcas e na personalização de variados acessórios. Versátil, é actualmente o único artista de rua em Portugal a dedicar-se a produções fotorealistas que, conjugadas com componentes gráficas, lhe conferem um estilo próprio mas ainda assim em constante mutação. Estende também o seu trabalho ao design gráfico na criação de identidades corporativas e imagens publicitárias e sobretudo enquanto ilustrador, onde imprime nos trabalhos as suas influências urbanas.

IN: Mr.Dheo

SUBWORLD - World Wilde Gaffiti Magazine

SUBWORLD

Subworld was a portuguese graffiti magazine that came to the streets 10 years ago. I am lucky to still have the 2nd issue which is one of the most important in my collection but I still feel sad about not having the 1st one.

Anyway these editions are now available online and I’ve decided to share them with you, not only because they’re nostalgic and somehow magical, but also because there are names and works there that should never be forgotten.

IN: mrdheo





(Números 1 e 2 de revista portuguesa sobre o Graffitti há 10 anos atrás. Contém informação sobre Portugal e outros países.)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Rede Portuguesa de Museus - RPM

Despacho Conjunto Ministérios das Finanças, da Cultura e da Reforma do Estado e da Administração Pública
Despacho conjunto nº616/2000 - O Decreto-Lei nº398/99, de 13 de Outubro, que aprova a orgânica do Instituto Português de Museus (IPM), atribui a este Instituto a definição do modelo da rede portuguesa de museus (RPM) e do "enquadramento" e "critérios de integração de museus" nessa mesma rede. Com esta atribuição, pretende-se normalizar o tecido museológico português para que os museus possam cumprir cabalmente as suas importantes funções, em termos de salvaguarda das memórias e heranças colectivas e da indispensável participação na vida social e cultural das comunidades. Pretende-se, ainda, com a implementação da RPM, que o Estado,reconhecendo o dinamismo que os museus hoje representam, assuma a responsabilidade de estimular e qualificar, de forma integrada e respeitadora das diversidades, as iniciativas das entidades autárquicas e regionais, mas também da igreja, dos agentes privados e dos cidadãos em geral. Por isso, o modelo de RPM que se vai implementar terá de obedecer a um profundo conhecimento da realidade existente e ao diálogo permanente com as diversas entidades numa perspectiva de descentralização e transversalidade, respeitadora de normas precisas que contribuam decisivamente para o reordenamento cultural do País e para a correcção das suas assimetrias. No reconhecimento de que a realidade museológica nacional requer um conjunto de intervenções normalizadoras urgentes; que ao Estado compete o papel fundamental de estruturação dos vários contributos sectoriais; que o Instituto Português de Museus é o organismo com responsabilidade na definição e execução das políticas museológicas nacionais; e que os objectivos pretendidos exigem uma pluralidade de competências, distribuídas transversalmente pelos diversos serviços do IPM; Ao abrigo do disposto no artigo 21º do Decreto-Lei nº398/99, de 13 de Outubro, e no artigo 10º do Decreto-Lei nº41/84, de 3 de Fevereiro, determina-se:
1º É criada uma estrutura de projecto, denominada "rede portuguesa de museus", adiante designada por RPM, que funciona na dependência directa do Instituto Português de Museus. 2º A estrutura de projecto é constituída por:
a) Um coordenador-geral e um coordenador-adjunto, nomeados pelo Ministro da Cultura;
b) Uma equipa, com o máximo de quatro elementos de perfis diversificados, a nomear pelo Ministro da Cultura, sob proposta do IPM.
3º A estrutura de projecto é apoiada por um secretariado técnico-administrativo, constituído por dois elementos, designados pelo coordenador-geral nos termos seguintes:
a) Em regime de requisição ou destacamento, obtida a concordância do serviço de origem, quando se trate de funcionários públicos; ou
b) Em regime de contrato de trabalho a temo certo, por prazo igual ou inferior ao de duração da estrutura de projecto, quando não vinculados à função pública, nos termos do Decreto-Lei nº64A/89, de 27 de Fevereiro.
4º O disposto no número anterior não prejudica a contratação de trabalho a termo certo, nos termos do Decreto-Lei nº427/89, de 7 de Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº64A/89, de 27 de Fevereiro.
5º À estrutura de projecto compete:
a) Estudar e propor o modelo da rede portuguesa de museus, tendo em conta a diversidade e expressão da realidade museológica nacional, nomeadamente os museus do Estado e das autarquias, os museus privados e os museus da igreja e das misericórdias;
b) Elaborar programas de apoio a museus, nas áreas de requalificação e valorização dos espaços museológicos, investigação e desenvolvimento, formação, inventário e informatização de acervos e colecções, valorização e divulgação do património cultural móvel;
c) Acompanhar e apoiar tecnicamente a execução de projectos no âmbito dos programas enunciados no ponto anterior;
d) Estabelecer contactos com outras entidades públicas ou privadas que prossigam objectivos afins, com a finalidade de incentivar formas de cooperação integrada a desenvolver e concretizar em protocolos ou contratos-programas;
e) Dar parecer sobre a integração de museus da RPM, de acordo com o enquadramento e critérios definidos pelo IPM;
f) Organizar e apoiar acções de formação no âmbito da museologia e da museografia, no sentido de aprofundar critérios de qualidade e parâmetros de intervenção, assegurando a formação contínua de recursos humanos
6º Compete ao coordenador-geral propor as autorizações das despesas por conta das verbas atribuídas ao projecto, as quais são submetida à apreciação e autorização da direcção do IPM.
7º O coordenador-geral da RPM é equiparado, para efeitos remuneratórios, a director de serviços e a ele compete elaborar a proposta de regulamento, os planos de actividade e orçamentos anuais, bem como os relatórios de execução física e financeira.
8º O coordenador-adjunto é equiparado, para efeitos remuneratórios, a chefe de divisão.
9º O custo de funcionamento da estrutura de projecto, que envolve o montante de 500 000 contos, é coberto através de uma dotação orçamental, para o efeito inscrita no PIDDAC do IPM. 10º A estrutura de projecto tem a duração temporal de três anos.

17 de Maio de 2000.- Pelo Ministro das Finanças, Fernando Manuel dos Santos ,Vigário Pacheco, Secretário de Estado do Orçamento. Pelo Ministro da Cultura, Catarina Marques de Almeida Vaz Pinto, Secretária de Estado da Cultura.- Pelo Ministro da Reforma do Estado da Administração Pública, Alexandre António Cantigas Rosa, Secretário de Estado da Administração Pública e da Modernização Administrativa.

IN: http://www.ipmuseus.pt/Data/Documents/RPM/Despacho%20Conjunto%20-%20616-2000.pdf
04.02.2010