sábado, 29 de outubro de 2011

A Cultura no Espaço Virtual - Cibercultura

O que há de Ciber na Cultura? 

Jorge Martins Rosa


Um campo em busca de legitimação

Como já ocorreu com outras catchwords, de que são exemplo os debates intelectuais de décadas anteriores em torno de expressões derivadas do adjectivo «pós-moderno», o mesmo começa a ocorrer hoje em dia com a ideia de «cibercultura». E se é já praticamente absurdo negar a sua existência, bastando para tal acenar com factos como a explosão do uso da Internet, falta-nos ainda uma clara e fundamentada definição daquilo que esta subsume. Um pouco como o conhecido ponto de partida de Sto. Agostinho quando procurava discorrer sobre o tempo, todos parecem reconhecê-lo e mesmo identificá-lo mas muito poucos são capazes de dizer o que é. Da forma o mais despretensiosa possível, arrisca-se aqui uma tentativa de definição do que traz de novo a cibercultura à cultura, ou, o que é quase afirmar o mesmo, o que há na cultura contemporânea (ou parte desta) que obrigue a apender-lhe o prefixo «ciber-».
Roland Barthes, perante a ingrata tarefa de definir o que é a literatura, chegou certa vez à irrefutável – apesar de falaciosa, por cair em petição de princípio – afirmação de que é literatura aquilo que se ensina como sendo literatura. Sendo Barthes professor de literatura, e reforçando a afirmação, a literatura para ele era aquilo que ele ensinava como sendo literatura. O primeiro passo que daremos na tentativa de definir a cibercultura será em tudo semelhante, com a diferença mínima de que iremos recorrer à prática de ensino de outros. Mais concretamente, atente-se naquilo que são as versões mais recentes (do primeiro semestre lectivo de 2002-2003) dos programas lectivos de dois dos nomes mais reconhecidos neste novíssimo campo académico: Steven Shaviro e Mark Poster1.
(actualização de 14 Novembro 2009 14:13 )

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